domingo, 20 de abril de 2008

1º Challenge SAR-K9











O 1º Encontro de Trabalho com Cães de Busca e Salvamento organizado pelo Corpo de Bombeiros Voluntários de Albergaria-a-Velha, teve lugar nos dias 12 e 13 de Abril, em Albergaria-a-Velha, traduzindo-se num dos maiores exercícios no âmbito de uma formação de socorro em grandes catástrofes. Ao longo de dois dias de trabalho marcaram presença pessoas de todo o país: Beja, Portalegre, Faro, Lisboa, Chamusca, Leiria, Ortigosa, Figueira da Foz, Póvoa do Varzim, Braga, Famalicão, Vila Real, entre outros. No total, compareceram 50 equipas cinotécnicas, 50 elementos de resgate, 20 enfermeiros, dois médicos e uma veterinária.O encontro começou logo na manhã de sábado, com a recepção aos participantes, seguindo-se uma Palestra Técnica a cargo de Dominique Grandjean, Tenente-Coronel Veterinário dos Sapadores Bombeiros Paris, que se debruçou sobre duas temáticas: "Técnicas de busca e salvamento" e "Patologias dos cães em busca e salvamento". Na opinião de Paulo Bandeira, chefe dos bombeiros de Albergaria, "foi uma palestra extremamente positiva porque falou-se sobre temas que nunca tinham sido abordados no nosso país, assim sendo, foi uma novidade para todos os participantes. Neste momento, temos novos dados para pôr em prática em futuros treinos". Durante a tarde de sábado, os participantes dirigiram-se para a antiga fábrica do papel, na freguesia de Vale Maior, e dividiram-se em vários grupos de trabalho com cães iniciados, pré-operativos e operativos. "Foram realizados treinos de motivação (destinado aos cães iniciados), bem como treinos em que as vítimas se escondem mas há contacto visual com o cão (pré-operativos) e, por último, treinos com um grau de dificuldade máxima, em que o cão (operativo) tem de identificar a vítima só pelo odor". Em suma, "através destes exercícios conseguimos filtrar os cães operacionais para o simulacro de domingo e, no total, foram escolhidos nove", acrescentou o chefe dos bombeiros.
SISMO COM DERROCADA PARCIAL PROVOCA 12 VÍTIMAS Entre as 24 horas e a 1.30 da madrugada foi feita uma avaliação e definição de equipas de trabalho e, às 7 horas de domingo, as equipas chegaram ao terreno. A velha fábrica de papel do Caima revelou-se o cenário perfeito para um treino multidisciplinar: Simulacro de um sismo com derrocada parcial numa fábrica, com dimensões aproximadas a uma aldeia, com perspectivas de haver 12 vítimas entre os escombros. "Os trabalhos foram divididos por sectores, com comandantes em cada equipa que iam pedindo os meios necessários. Os trabalhos correram excepcionalmente bem, e pouco passava das 10 horas e todas as vítimas já tinham sido localizadas", explicou Paulo Bandeira. Segundo José Valente, 2º comandante dos bombeiros de Albergaria, "as equipas cinotécnicas começaram pelo sector um, depois de terem identificado todas as vítimas avançaram para o sector dois e assim sucessivamente, até termos todo o teatro de operações concluído"."Em treino, simulamos aquilo que vamos encontrar na realidade. E isto aqui é um misto de realidade e de treino e, neste sentido, o cão vai à fonte de um odor que está mais fixo e parado. O mais importante é o tipo de treino efectuado, pois podemos fazer este trabalho com qualquer cão, desde que ele mantenha as qualidades necessárias e funcionais para o trabalho de uma área de busca", frisou o Subintendente Fernando Pacheco, da PSP - Corpo de Intervenção. Para José Ricardo Bismarck, comandante dos bombeiros de Albergaria, este foi "um exercício de grandes dimensões, atreveria mesmo a dizer que é a primeira vez em Portugal que se realiza um exercício com estas características". Quando questionado se estão preparados em caso de catástrofe, a resposta foi: "Estamos preparados, mas ainda há um longo caminho a percorrer, é preciso melhorar muitos aspectos e, essencialmente, é preciso treinar. Quem não treinar em condições não presta um serviço de emergência em condições", rematou o comandante.
BALANÇO DO ENCONTRO FOI EXTREMAMENTE POSITIVOEm jeito de balanço, Paulo Bandeira mostrava-se plenamente satisfeito com os resultados deste 1º Encontro de Trabalho com Cães de Busca e Salvamento. "Tivemos uma grande equipa a trabalhar no local, incluindo equipas de resgate dos bombeiros sapadores de Coimbra e bombeiros municipais da Figueira da Foz, bem como duas equipas de salvamento em grande ângulo, escoramento e desencarceramento de Albergaria-a-Velha, médicos, enfermeiros, uma veterinária, entre muitos outros", salientou Paulo Bandeira. "Todos me perguntam quando será o próximo encontro. Ainda não há data definida mas adianto já que haverá mais Encontros de Trabalho com Cães de Busca e Salvamento, mas ainda não sabemos se o formato será anual ou de dois em dois anos", desvendou Paulo Bandeira. "Houve uma grande troca de experiências e um clima de trabalho muito saudável entre todos os participantes". Outro dos factores positivos foi o facto de terem comparecido, no encontro, bombeiros de várias zonas do país que vieram sem cães. "Participaram no encontro com o intuito de aprender as técnicas de busca e salvamento para posterior criação de grupos", disse satisfeito. Para finalizar, o chefe dos bombeiros, deixa um conselho: "A relação existente entre o guia e o cão, bem como os treinos efectuados, são fundamentais para usufruir em pleno de todas as funcionalidades dos cães, desde que estes sejam trabalhados desde o início".